segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Caminhadas

O País de Gales é o país das voltinhas a pé. Há provavelmente mais de 100 circuitos sinalizados que se podem fazer! Às vezes num Sábado de sol (ou de chuva) os amigos juntam-se para uma caminhada. Geralmente pesquiso na internet zonas que ainda não conheço e tento procurar opções "fáceis" (8-15km). As descrições das caminhadas são muito encorajantes e dão a ideia de ser tudo tão fácil que qualquer octogenário se poderia juntar ao desafio. A estimativa da duração da caminhada também raramente é acertada. Numa das minhas mais recentes aventuras demorei 6 horas em vez das 3 horas descritas no percurso! Se calhar a culpa é minha, sou muito lenta e estou sempre a parar!




Este sábado resolvemos ir fazer a caminhada circular Llantwit Major / Nash Point.


Imprimi o percurso a fazer com a percurso pormenorizado. Iriam ser 9 milhas (14.4km).


Começámos muito bem por meio de floresta até à zona da praia, e muitas vezes encontrámos setas com as indicações correctas da caminhada. Tudo o que estava na descrição batia certo! Cruzámos-nos bastante vezes com outros caminhantes que muito cordialmente nos cumprimentavam. Alguns traziam equipamento profissional com chapéu à coronel tapioca de cor caqui e bengala de ponta afiada. Tudo estava a correr bem e a paisagem era muito bonita! O que a gente não estava a contar é que parte do percurso implicava atravessar umas tantas quintas de vacas! E sim, lá estavam as ditas setas de madeira do percurso a corroborar as indicações impressas, tínhamos mesmo de passar por dentro das quintas!





Tudo bem, agora era tarde para voltar para trás. Lá íamos nós pisando o terreno com terra revoltada misturada com estrume e saltando umas tantas cercas. Chegou a um ponto do caminho em que as indicações diziam que teríamos de passar mesmo pelo meio de uma manada. Ora quem ia comigo não estava particularmente entusiasmado com a ideia de incomodar as belas vaquinhas, depois de eu afirmar com muita certeza que os relaxados bovinos nos iriam com certeza ignorar. Devagarinho lá nos aproximámos até que me apercebi que havia ainda outro problema - a quinta também tinha cães - os famosos Border Collie! Claro que vieram a correr em nossa direcção! Lá voltámos para trás em passo de corrida e empoleirámos-nos em cima de uma cerca! Os cães não eram agressivos, só nos queriam avisar. O que iríamos fazer? Atirar as nossas sandes ao ar para entreter os cães enquanto alcançávamos a cerca do outro lado da quinta? Ou voltar para trás? Lá decidimos voltar para trás se bem que isso significava andar mais milhas e repetir percurso. De rabinho entre as pernas demos meia volta! E de rabinho no ar estava um cachorrinho que nos resolveu seguir! Muito simpático, o cachorrinho Border Collie não voltava para trás quando a gente o mandava, achando que queríamos apenas brincar com ele. Resolvemos continuar e ignorar o cachorro, mas passado meia hora ele ainda vinha atrás de nós! E agora? Levamos o cão connosco? Lá tivemos de voltar para trás para tentar devolver o cão! Quando estávamos mais próximas da quinta fizemos de "estátua" bastante tempo até o cão desistir e ir para casa! E lá está, finalmente podíamos voltar para trás e continuar o nosso caminho!


É por isso que estas voltinhas demoram sempre muito mais tempo do que se está a contar!












sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Bifes Mal Passados - o livro de João Magueijo







Tive a oportunidade de ler o livro "Bifes Mal Passados" de João Magueijo, sobre o seu percurso no Reino Unido. Fiquei muito chocada - como é que João Magueijo conseguiu que este livro fosse publicado!

O João Magueijo descreve tudo o que há de pior do Reino Unido sem oferecer contexto, de forma ordinária e pouco interessante. Talvez fosse mais divertido se João Magueijo se colocasse no papel de vítima de português perdido no Reino Unido e fizesse um livro do género "as Lições do Tonecas", com a capacidade de se rir dele próprio. Mas não. O leitor não consegue simpatizar com João Magueijo, porque em terras de sua majestade se acha no direito de se comportar de forma bastante desadequada, colocando-se em situações que à partida sabe que não vão correr bem. Resulta disto uma "diarreia" de obscenidades sobre o Reino Unido misturada de saudosismos sobre tremoços e cerveja portuguesa. Esta "diarreia" é tão mal cheirosa que qualquer pessoa que leia o livro fica com uma indigestão britânica e a pensar que este país é constituído por uma cambada de atrasados mentais. Fico sem saber se o que João Magueijo descreve no livro realmente aconteceu, já que muitas situações descritas parecem altamente exageradas. Também acho estranho como é que uma pessoa que tem tantos anticorpos a um país aguentou tantos anos a viver no mesmo, conseguindo no meio de tanta horrorosidade (palavra inventada para a situação) desenvolver uma carreira tão relevante para a comunidade científica! Entendo quando alguém queira escrever algo engraçado, mas falhou e acabou por escrever um livro altamente ofensivo cheio de palavrões. E porque é que eu li o livro? Demasiada curiosidade? Talvez, o livro lê-se em poucos minutos já que muitas partes se podem passar à frente... 


O João Magueijo frequenta o pior dos locais onde se pode ir no Reino Unido por opção própria - ninguém o obrigou a lá ir! Mas pelo que diz parece que se divertiu bem pelo caminho, gabando-se das suas namoradas e dos seus episódios de andar a correr nu embriagado pela rua fora.

João Magueijo vive em Londres, tem uns dias livres - o que faz? Vai passar férias a Margate, dando origem a muitas páginas de maldizer! Isto é como quem vive em Cascais e vai passar férias a Chelas, não querendo eu dizer mal de Chelas que não tem culpa nenhuma mas apenas para dar um exemplo dum local não me apetece ir para relaxar. Margate é um local meio abandonado parado no tempo, que há muitos anos era considerado uma moderna estância balnear. Os próprios ingleses dizem mal daquilo.

O João Magueijo vai subir a montanha num dia de chuva e não gostou. O que é que ele quer? Eu própria vivo cá há muitos anos e não vou subir a montanha se estiver a chover! Aliás, subir montanhas é para pessoal desportivo que não se importa com intempéries e gosta de aventura! 

O João Magueijo vai a uma palestra aqui em Swansea e quando começa a falar dá um grande arroto. Ninguém se ri. O que é que ele estava à espera?

O João Magueijo veio a Swansea e deve ser a única pessoa que eu conheço que ficou preso na península de Rhossili por causa da maré - quando a maré fica cheia o local torna-se numa ilha. O que ele não explica é que é preciso querer para se ficar preso na ilha, já que existem imensos avisos, uma patrulha, uma sirene que toca uma hora antes da maré voltar a subir, etc. A única coisa que João Magueijo gosta de Swansea é do poeta Dylan Thomas, que coincidência das coincidências, também ficou preso na ilha de Rhossili! Será então tudo inventado?

É o livro dele e cada um tem direito a escrever o que bem quiser, só compra quem quer! Uma pessoa conhecida e com facilidade em publicar livros em Portugal devia ter alguma responsabilidade no que escreve...