Eric Weiner é um jornalista norte-americano que farto das reportagens em locais deprimentes resolveu ir procurar os países onde as pessoas são mais felizes. Daí nasceu um livro que de momento está em todas as montras das livrarias de Portugal. Eric esteve na Grã-Bretanha e ficou com a impressão que os ingleses não cultivam a felicidade tanto como os outros europeus. Aqui ficam alguns excertos do livro:
Na Grã-Bretanha, os felizes são poucos e suspeitos. Se é inglês e, não por culpa sua, se descobre inexplicavelmente alegre, não entre em pânico. Mantenha-se calmo, seguindo o conselho do humorista inglês Jerome K.- não mostre a sua felicidade mas queixe-se como os demais – para os britânicos, a felicidade é uma importação transatlântica. E por “transatlântica” referem-se aos americanos. E por americanos querem dizer tolos, infantis. Produtos de confeitaria.
Eric Weiner chega à conclusão que o inglês não gosta de incomodar o próximo, sendo muito reservado, evitando meter conversa para passar o tempo. O inglês também não gosta de ouvir o que o outro quer desabafar, a não ser que seja conversa de pub, nunca demasiado séria. Ser demasiado americano é a pior coisa que o inglês pode ser – ou seja – ser-se insistente, ter falta de tacto, sinceridade e falta de dedicação canina. Só há uma desculpa para falar alto/gritar – é quando se está bêbado.
Sim, isso já tinha reparado. O que os americanos são, os ingleses não querem ser. E de facto não se vê ninguém a queixar-se da vida. Queixam-se do momento mas não da vida em geral. O que é bom porque assim ninguém chateia ninguém, acabam por respeitar a paciência do próximo. Quanto à alegria dos ingleses, não concordo muito com o que Eric diz, especialmente às 6as e aos Sábados à noite. Os ingleses que eu conheci pareceram-me muito alegres, sempre com piadas e trocadilhos no pior ambiente que existe para estar alegre – num trabalho em que se tem de acordar cedo.
Os ingleses não gostam de psicólogos, terapias nem de livros de auto-ajuda. Não gostam de mostrar suas fraquezas emocionais. Para os ingleses, a vida não é uma questão de felicidade, mas de se viver com aquilo que se tem. Outra característica mencionada é a falta de contacto físico. Os ingleses não dão abraços nem beijos. Talvez seja verdade, não se vê muita marmelada pela rua. Porém, com a entrada dos polacos e outros povos no Reino Unido as coisas estão a mudar. Eu pelo menos fui abraçada e beijada por vários ingleses nas minhas despedidas. Já nas apresentações levaram com um bacalhau.
Os ingleses temem ser iguais aos americanos, mas depois fazem programas televisivos parvos (BBC) em que escolhem um lugar deprimente e tentam alterá-lo incutindo “hábitos de felicidade" num grupo de pessoas esperando que se desencadeasse um efeito dominó. Por “hábitos de felicidade” entende-se passear por um cemitério (parece-me muito deprimente), fazer risoterapia (aqui os ingleses não conseguirem rir sem razão), entre outros exercícios. Eric foi tentar averiguar os resultados desse programa televisivo e descobriu que os protagonistas do programa não ficaram mais felizes, apenas um bocadinho mais satisfeitos com as novas pessoas que conheceram. A terra mais deprimente que encontraram para o programa foi Slough, que fica nos arredores de Londres. “Slough” significa literalmente “lamaçal”. Também é o verbo que se utiliza quando uma cobra muda de pele (=”Shed”). A cidade tem uma reputação tão má que os produtores da famosa série “The Office” resolveram centrar a sua acção em Slough. Até existe uma música a dizer que Slough é tão má que deve ser bombardeada. Os próprios habitantes não conseguem esconder a vergonha de serem habitantes de Slough (espero não ser lá colocada, o que vale é que perto de Londres não existem muitas ovelhas).
Este Eric parece-me preconceituoso e com alguma incapacidade de se distanciar da perspectiva americana. Os ingleses até me pareceram felizes, porque os factores importantes para eles estão à mão – os animais, os passeios a pé, as idas aos pubs, as plantinhas, o verde… Não parecem passar por grandes sacrifícios (não se sacrificam pelos filhos, não ficam no desemprego muito tempo) e parecem dar muito valor ao país. E acho positivo não o facto de não andarem aos berros uns com os outros. A maior falha deles é capaz de ser a falta de emotividade. Não deixa de ser uma discussão sem sentido, porque no actual melting-pot que é a GB a personalidade dos bifes já não é assim tão previsível.
Na Grã-Bretanha, os felizes são poucos e suspeitos. Se é inglês e, não por culpa sua, se descobre inexplicavelmente alegre, não entre em pânico. Mantenha-se calmo, seguindo o conselho do humorista inglês Jerome K.- não mostre a sua felicidade mas queixe-se como os demais – para os britânicos, a felicidade é uma importação transatlântica. E por “transatlântica” referem-se aos americanos. E por americanos querem dizer tolos, infantis. Produtos de confeitaria.
Eric Weiner chega à conclusão que o inglês não gosta de incomodar o próximo, sendo muito reservado, evitando meter conversa para passar o tempo. O inglês também não gosta de ouvir o que o outro quer desabafar, a não ser que seja conversa de pub, nunca demasiado séria. Ser demasiado americano é a pior coisa que o inglês pode ser – ou seja – ser-se insistente, ter falta de tacto, sinceridade e falta de dedicação canina. Só há uma desculpa para falar alto/gritar – é quando se está bêbado.
Sim, isso já tinha reparado. O que os americanos são, os ingleses não querem ser. E de facto não se vê ninguém a queixar-se da vida. Queixam-se do momento mas não da vida em geral. O que é bom porque assim ninguém chateia ninguém, acabam por respeitar a paciência do próximo. Quanto à alegria dos ingleses, não concordo muito com o que Eric diz, especialmente às 6as e aos Sábados à noite. Os ingleses que eu conheci pareceram-me muito alegres, sempre com piadas e trocadilhos no pior ambiente que existe para estar alegre – num trabalho em que se tem de acordar cedo.
Os ingleses não gostam de psicólogos, terapias nem de livros de auto-ajuda. Não gostam de mostrar suas fraquezas emocionais. Para os ingleses, a vida não é uma questão de felicidade, mas de se viver com aquilo que se tem. Outra característica mencionada é a falta de contacto físico. Os ingleses não dão abraços nem beijos. Talvez seja verdade, não se vê muita marmelada pela rua. Porém, com a entrada dos polacos e outros povos no Reino Unido as coisas estão a mudar. Eu pelo menos fui abraçada e beijada por vários ingleses nas minhas despedidas. Já nas apresentações levaram com um bacalhau.
Os ingleses temem ser iguais aos americanos, mas depois fazem programas televisivos parvos (BBC) em que escolhem um lugar deprimente e tentam alterá-lo incutindo “hábitos de felicidade" num grupo de pessoas esperando que se desencadeasse um efeito dominó. Por “hábitos de felicidade” entende-se passear por um cemitério (parece-me muito deprimente), fazer risoterapia (aqui os ingleses não conseguirem rir sem razão), entre outros exercícios. Eric foi tentar averiguar os resultados desse programa televisivo e descobriu que os protagonistas do programa não ficaram mais felizes, apenas um bocadinho mais satisfeitos com as novas pessoas que conheceram. A terra mais deprimente que encontraram para o programa foi Slough, que fica nos arredores de Londres. “Slough” significa literalmente “lamaçal”. Também é o verbo que se utiliza quando uma cobra muda de pele (=”Shed”). A cidade tem uma reputação tão má que os produtores da famosa série “The Office” resolveram centrar a sua acção em Slough. Até existe uma música a dizer que Slough é tão má que deve ser bombardeada. Os próprios habitantes não conseguem esconder a vergonha de serem habitantes de Slough (espero não ser lá colocada, o que vale é que perto de Londres não existem muitas ovelhas).
Este Eric parece-me preconceituoso e com alguma incapacidade de se distanciar da perspectiva americana. Os ingleses até me pareceram felizes, porque os factores importantes para eles estão à mão – os animais, os passeios a pé, as idas aos pubs, as plantinhas, o verde… Não parecem passar por grandes sacrifícios (não se sacrificam pelos filhos, não ficam no desemprego muito tempo) e parecem dar muito valor ao país. E acho positivo não o facto de não andarem aos berros uns com os outros. A maior falha deles é capaz de ser a falta de emotividade. Não deixa de ser uma discussão sem sentido, porque no actual melting-pot que é a GB a personalidade dos bifes já não é assim tão previsível.
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