terça-feira, 27 de novembro de 2012

Christmas Markets - Os Mercados de Natal


Ehhh! Chegou a altura dos Christmas Markets!! Como é bom passear pelas praças iluminadas cheias de barraquinhas de artesanato! Cheirinho a chocolate quente, (cachorro-quente de salsichas alemãs) e mulled wine (vinho quente temperado com especiarias). Os mercados mais interessantes perto daqui são os de Bath e Caerphilly. Can´t wait!

domingo, 25 de novembro de 2012

Já não tenho sono!! O efeito da lâmpada para a SAD começa-se a notar!


Faz mais ou menos um mês que comecei a usar a lâmpada de prevenção da "Winter Blues" ou "SAD - Seasonal Affective Disorder", aquele problema que acontece sempre às pessoas habituadas ao solinho que se aventuram a viver em países sem luz e que ainda por cima trabalham dentro de edifícios. O efeito da pouca luz solar no nosso cérebro leva a cansaço, depressão, muito sono e ingestão de alimentos calóricos (mais ou menos à semelhança de um urso em hibernação). Comprei a lâmpada acima na Amazon ao mesmo tempo que a Susie, uma colega minha da clínica, que queria andar mais bem disposta. Eu pessoalmente nunca acreditei que ela precisasse da lâmpada visto que como nasceu cá supostamente deveria estar habituada a esta falta de luz crónica. Uma lâmpada das boas é cara (para cima de 100 libras) e como esteticamente não é muito interessante a Susie mudou de ideias e achou que não a iria usar. Telefonou para a Amazon para a devolver. "Bom dia, queria devolver um produto, é a lâmpada blablablá". A resposta foi "infelizmente devido à natureza do produto não aceitamos devoluções, mas iremos dar-lhe o dinheiro de volta se de facto não está satisfeita." Não era que a Susie não estivesse satisfeita, demora algum tempo até haver resultados com a lâmpada, mas ela nem se quis dar ao trabalho, estava simplesmente arrependida da compra impulsiva. "Então está-me a dizer que eu não posso devolver a lâmpada mas que me vai dar o dinheiro de volta? Então o que quer que faça com a lâmpada?" "Exactamente, devolvemos o dinheiro e se puder dar a lâmpada a uma loja da caridade ou então pode oferecer a alguém que precise." "Muito bem, obrigada!" Acabámos por ficar as duas com a lâmpada mas eu fiquei a arder sem as 100 libras enquanto que a Susie ficou com a lâmpada de borla (mais cedo ou mais tarde vai tentar vendê-la no eBay). Que sorte!
Mas continuando a história, comecei a usar a lâmpada no mês passado na mesa da cozinha, ligo-a enquanto tomo o pequeno-almoço. Ou seja estou exposta à luz 5 minutos por dia apesar de nas instruções dizer que menos de trinta minutos não vale a pena. A luz é muito desagradável, é forte e artificial para além de ser barulhenta, por isso não estive para me chatear e achei que 5 minutos seria o suficiente para experimentar. Passado um mês de usar a lâmpada comecei a ver resultados. Só para explicar, eu sou muito dorminhoca, adoro dormir. Deito-me na cama e adormeço em cinco minutos. Se me deitar às 9 da noite adormeço na mesma. De manhã é sempre muito difícil acordar. Durante o dia ando sempre cheia de sono. Ora passado um mês de usar a lâmpada ganhei pelo menos 10 horas por semana de vida activa! Não preciso de tantas horas de sono, deito-me muito mais tarde e acordo muito mais facilmente. Não acho que faça grande diferença no cansaço ou na disposição em geral (provavelmente no meu caso não estão a ser influenciados pela luz) mas que grande diferença no sono! Ganhei horas de vida e agora não preciso de tanta cafeína. Como é possível fazer tanta diferença? Apenas com cinco minutos? Interessante como o nosso cérebro é tão sensível...

Os clientes da clínica


A maneira como se trabalha vai variando. Em certos dias confesso que estou muito focada no trabalho e apenas vejo o animal sem olhar para o dono. Se vir o dono no dia seguinte não o reconheço, por outro lado, se vir o animal passado um ano lembro-me perfeitamente de tudo, porque é que veio à consulta, se tentou morder-me, se o ajudei a ficar melhor ou nem por isso. Mas nem sempre é assim. De vez em quando reparo nos donos e preocupo-me, choro com eles, fico ansiosa se não os vejo durante uns meses. E há semanas assim, em que estes clientes especiais aparecem todos ao mesmo tempo. A semana passada foi uma delas. 

Mrs Williams é uma senhora simpática com uma Jack Russel Terrier muito velhinha chamada Megan. A cadela está a urinar dentro de casa e Mrs Williams está convencida que a Megan tem uma infecção urinária. Até aqui tudo bem, nada de extraordinário. Parece um caso fácil de resolver. No meio da conversa animada, Mrs Williams pergunta-me o que acho dos olhos da cadela. "Ora a cadela está ceguinha, tem cataratas" digo eu muito calmamente. De repente tudo muda. Os olhos da Mrs Williams começam a tremer com lágrimas e eu sei que meti a pata na poça. Olho de soslaio para o computador para a ficha da Megan e confirmo que a cadela tem cataratas há anos. Também reparo que Mrs Williams veio várias vezes com queixas sobre a cadela urinar dentro de casa. Aparentemente foram feitas análises e nunca foi encontrado nada de errado. Começo a confortar a Mrs Williams com as frases simpáticas do costume "ela está sempre na mesma casa por isso não precisa da visão", "a falta de visão é compensada pelo olfacto e pela audição", "ela não precisa de ler o jornal, ver televisão ou conduzir um automóvel, só precisa de festinhas" e por aí adiante continuo com as citações enquanto a outra metade do meu cérebro vai processando a situação. Finalmente faço dois mais dois. O marido de Mrs Williams não veio hoje por isso provavelmente está outra vez internado no hospital deixando Mrs Williams sozinha em casa (a recepcionista perguntou por ele à chegada). Mrs Williams tem demência e esquece-se que a cadela tem cataratas, esquece-se de a levar à rua e é por isso ela urina em casa. Nenhum dos veterinários anteriores que viu a Megan para o mesmo problema foi capaz de escrever isto no computador (se eu soubesse teria mais cuidado), escolhendo antes frases enigmáticas e evitando usar antibióticos (esta coisa à inglesa de se ser politicamente correcto). Com a Mrs Williams a chorar desalmadamente pela cadela e a pedir antibióticos para a infecção acabei por não ser capaz de lhe dizer que não e injectei a cadela com um antibiótico de duração de 24h, pedindo ao mesmo tempo uma amostra de urina (ainda hoje continuo à espera). Mrs Williams começa a acalmar-se e para o final da consulta já está bem disposta e até diz umas frases em polaco depois de eu lhe dizer que sou portuguesa. À saída conversa mais um bocadinho com a recepcionista que já a conhece há muitos anos e que de facto tem vindo a observar a queda das capacidades mentais da senhora. Depois de uma consulta delas sinto-me mesmo mal de ter de cobrar dinheiro, mas infelizmente a clínica não é minha...