quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O dia das panquecas


Ontem tivemos o tal dia das panquecas. Quando cheguei a casa e entrei na cozinha encontro o quê? Uma embalagem de panquecas já feitas do supermercado que supostamente são para ir ao microondas. Fiquei logo enjoada. Bahhh. Não pode…
Um pouco mais tarde a Holly chegou (a inglesa cá de casa) e decidiu fazer panquecas a sério. IUPI!!! Fiquei a saber que as pré-feitas tinham sido compradas pelo Paul (o outro housemate), que agora vai ter de comer aquilo tudo sozinho. Mesmo assim fiquei desiludida com as panquecas da Holly, só me calharam 2 panquecas muito pequeninas! Comi cada uma em 3 dentadas. Mais valia ter mandado vir um frango, sempre era mais substancial.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Recebi a minha primeira prenda na clínica!


Na semana passada uns clientes passaram pela clínica para deixarem uns chocolates e um postal para mim e para a Claire (só tive tempo para comer um chocolate, as enfermeiras afiambraram-se do resto). E porque é que recebemos chocolates? Por termos feito a eutanásia numa gata!!! Ainda por cima não encontrei a veia!! Tentei ainda uma injecção intracardíaca mas não acertava!! Acho que estas coisas só acontecem quando os donos estão a assistir. Por fim fiz a eutanásia por via pulmonar, mas demorou um bocadinho até ter o efeito pretendido. Aqui a eutanásia chama-se "put to sleep" ou "PTS" (têm a mania das abreviaturas). Os donos da gata entenderam que eu não gostava de fazer eutanásias e estava cheia de pena da gata e acharam que uns chocolatinhos me iriam consolar (ainda por cima disse-lhes que tinha uma gata daquela idade). É estranho receber prendas quando eutanasiamos animais, mas em clínica nunca somos recompensados pelas razões certas.

Escusado será dizer que os donos da gata não eram ingleses, mas sim americanos...

Six Nations Championship


Aqui no País de Gales esta gente é doidinha por Rugby. Em Portugal, quando vamos até ao parque mais próximo, vemos gente a jogar futebol. Aqui o Rugby é o desporto que impera. Nesta altura do ano as coisas agravam-se um bocadinho mais por causa do Six Nations, um campeonato onde jogam 6 nações: País de Gales, Inglaterra, Escócia, Irlanda, Itália e França. Basicamente toda a gente tem de jogar com toda a gente e ganha quem tiver mais pontos, sendo o Grand Slam atingido se uma equipa vencer todas as outras (conseguido no ano passado pelo País de Gales).

Sempre que há um jogo os pubs enchem-se completamente (em alguns sítios as pessoas ficam em pé muito apertadinhas a olhar para a TV). Tentei ver o jogo "País de Gales - Inglaterra" por ser considerado o mais importante (quem não vê é totó) mas perdi um bocado a paciência depois de ver repetidamente "moches" que parecem tirar toda a fluidez do jogo. No dia seguinte quando me perguntavam o que tinha achado, eu dizia que ainda não estava muito a par das regras mas que tinha sido interessante. Aí respondiam-me que, de facto, ninguém sabia muito bem as regras do Rugby (não sei se é verdade ou se é a típica resposta). A única regra que se entendi é que um jogador só pode passar a bola para trás. De resto só consigo ver gente aos apalpões a atirarem-se uns para cima dos outros. O mais certo é eu ter falta de sensibilidade para a "magia" do Rugby, mas nada posso fazer contra isso. Os meus colegas de casa dizem que o Rugby é muito melhor que o Futebol porque os jogos não incitam à violência pela parte dos adeptos. Deve ser verdade, mas mesmo assim é estranho quando só se consegue ver jogadores cheios de sangue a atirarem-se uns para cima dos outros com toda a força como se fossem de plasticina.

Aqui não há Carnaval


Cá eles não comemoram o Carnaval porque podem mascarar-se quando quiserem. Aliás, é a coisa mais normal do mundo vermos palhaços, fadas, super-homens, bruxas a partir das 19h dirigindo-se para festas temáticas (ou então não, vestem-se assim apenas porque lhes apetece).
Em compensação temos o Dia da Panqueca na próxima 3a feira (ou Shrove Tuesday). A nossa coleguinha de casa (Holly) já assegurou com grande entusiasmo uma carrada de panquecas para esse dia. Quando lhe perguntei porque raio é que fazem o dia da panqueca na 3a feira de Carnaval, ela respondeu que era para dar início ao período de privação até à Páscoa, dando o exemplo de uma amiga que nessa altura não comia chocolate (um escândalo como podem ver). Depois fui ver à net e descobri que antigamente que as panquecas serviam como um modo de acabar com as comidas mais interessantes que as pessoas tinham em casa (ovos, carne, manteiga, etc) para poderem cumprir correctamente a quaresma.
(Foto do desfile de ontem em Vale de Ílhavo, o único desfile à borla da zona - cortesia de Urso Maior)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A loucura do Facebook e os Flashmobs


Para quem não sabe, o Facebook é uma rede social (tal como o Hi5) onde criamos um perfil e uma lista de amigos (descobertos ou convidados através do nosso email). Podemos ver quem são os amigos dos nossos amigos e pedir autorização para os adicionar à nossa lista. É possível colocar fotos, fazer alguns jogos online, dar prendas, editar o nosso status, falar como se estivéssemos no Messenger, etc.
Aqui no Reino Unido pode-se dizer que toda a gente tem Facebook, e quem não tem é “weird” (como se não tivesse um telemóvel). Todas as pessoas de todas as idades estão no Facebook, desde as velhinhas que andavam no coro com a Joana em Norwich até aos meus chefes. Em Portugal é ao contrário, nunca se espera que um quarentão casado e com filhos passe horas e horas da sua vida numa rede social online (a não ser que tenha alguns problemas psicológicos).
O Facebook também é um subterfúgio para quem não tem muito jeito para o engate. No outro dia estava com uma rapariga espanhola Meat Inspector que estava a tentar marcar por telefone o hotel para os pais a virem visitar. A conversa começou a ficar muito estranha e do outro lado da linha começaram a vir perguntas não muito comuns para este tipo de situação. Uma delas foi se esta rapariga estava no Facebook!
Aqui também é frequente a mobilização de multidões a partir de apenas um utilizador do Facebook. No princípio deste mês um miúdo chamado “Crazzy Eve” resolveu imitar um anúncio da operadora T-Mobile (telemóveis) em que centenas de pessoas dançam numa estação de metro. Criou um “evento” para que os amigos se juntassem e fizessem a mesma coisa (um “evento” é uma opção em que convidamos os amigos do Facebook para um acontecimento numa data em particular). Os “amigos” passaram a informação para os sucessivos “amigos” o que originou que 14000 pessoas se juntassem numa estação de metro em Londres para dançar num determinado intervalo de tempo! Os ingleses chamam a isto de Flashmobs, o que pelos vistos é muito comum por estas bandas, sendo o Facebook a principal ferramenta de divulgação. Há Flashmobs de tudo, desde pessoas a comportarem-se como zombies, lutas de almofadas, conga dance, paragens no tempo e ainda reunião de Mr Smiths (do Matrix)!

Os 14 mandamentos da clínica de pequenos

1- Não marcarás acompanhamentos pensando que são à borla
2- Não venderás desparasitante a desconhecidos
3- Não farás RXs sem ter o animal anestesiado
4- Não fugirás da radiação da sala do RX como o diabo foge da cruz (é sinal de totozisse)
5- Não utilizarás betadine para desinfectar as feridas (água com sal é suficiente)
6- Não utilizarás nem aconselharás pomadas com antibióticos de uso humano
7- Não farás da falta de desinfectantes um problema
8- Não utilizarás medicamentos de uso humano em animais (os documentos dão muito trabalho)
9- Não te queixarás pela falta de princípios activos disponíveis
10- Não aceitarás clientes que telefonem 1h antes da hora de fecho da clínica (ainda mais quando há jogo de rugby)
11- Não te esquecerás de meter as compressas sujas com sangue no saco de lixo amarelo e as compressas pouco sujas no saco de lixo preto
12- Não tentarás implementar um sistema de higienização alternativo da clínica
13- Terás um telemóvel com conversor porque alguns termómetros estão em Farenheit e algumas balanças em libras
14- Não demorarás mais de 10 minutos em cada consulta

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Tem tanta piada...


Hoje tive de ir aos correios e presenciei uma dose de humor inglês colectivo por uma situação infeliz.

Estava uma senhora idosa à minha frente na fila. Quando chegou a sua vez, teve de pagar uma conta qualquer com o cartão multibanco e não estava familiarizada com as maquinetas (somos nós que inserimos o cartão em vez de o entregar ao funcionário). A dita senhora estava um pouco confusa na altura de marcar o PIN e o funcionário atrás do vidro começou a falar mais alto na tentativa que ela compreendesse. Começou toda a gente a rir-se com a atrapalhação da senhora, e veio uma pessoa apontar para os números da maquineta. A senhora lá entendeu e marcou o PIN, mas dava errado. E toda a gente na fila a rir como se fosse a coisa mais divertida do mundo. O funcionário saiu de trás do vidro e num tom de gozo perguntou se ela queria que ele lhe marcasse o PIN. A senhora disse que sim e começou a dizer o código em voz alta. Aí foi a gargalhada total, com o funcionário a aproximar-se da cara da senhora como quem recebe um segredo, mas com o intuito de se exibir e não de ajudar. Marcou-lhe o PIN e a situação resolveu-se com a senhora a sair da estação de correios com um ar constrangido. E toda a gente ria, ria, ria...

Não entendo nada disto, quer dizer, numa sociedade em que um locutor de rádio é criticado por uma ouvinte irlandesa por ter dito que o cão Irish Setter é um bocado estúpido (por ter utilizado as palavras “Irish” e “estúpido” na mesma frase fazendo com que o preconceito de que o povo irlandês é estúpido seja reafirmado nos ouvintes) e em que o que conta é o que o outro entende e não o que se realmente diz, temos estas situações de desrespeito e falta de compreensão com uma senhora idosa atrapalhada… Se fosse em Portugal quanto muito as pessoas começavam a refilar com o tempo que estava a demorar, mas acho que ninguém se iria rir. Se calhar é isso, numa situação equivalente, o português diz mal ou compadece-se, enquanto que o inglês ri-se.

Quando for grande quero usar o mesmo amaciador que o Bruno Aleixo.

Já que tenho a TV avariada (é o que dá ter uma TV que custou zero) aproveito para ter os episódios do Bruno Aleixo em dia, o novo "insólito" de Coimbra. Este episódio corresponde à cena do recobro de quando o Bruno foi operado à vesícula (os vídeos anteriores estão no Sapo.)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

E finalmente as Anas encontraram-se

Depois de alguns meses a falar no messenger, finalmente conheci pessoalmente as minhas amigas cibernéticas Ana e Ana descobertas ao acaso no Google. Elas vieram cá a Cardiff visitar-nos e fomos comer a um restaurante italiano no centro da cidade. Por coincidência estamos as 3 a começar um novo trabalho, numa nova casa (ou quase). Vai ser um bom restart para as Anas!! (falta aqui uma foto, bah).

Está a nevar em Cardiff!




Há 18 anos que não nevava tanto por aqui. Londres está coberto por 20cm de neve e os aeroportos estão parados (azar para a Joana que veio cá na pior altura). Aqui também está a nevar, mas os flocos são muito pequeninos (dói um bocado quando batem nos olhos). Claro que foi o suficiente para termos os miúdos na rua entusiasmados a atirar bolas de neve uns aos outros felizes por não terem de ir à escola. A inglesa cá de casa também está muito feliz com a neve, e até fez uns biscoitos de chocolate para comemorar (todas as semanas ela faz qualquer coisa de chocolate, estou a gostar da ideia).

A saga do aspirador

Esta casa tem aspirador, mas é daqueles verticais muito pesados e com uma tromba minúscula. Não entendo como é possível aspirar alguma coisa com tal trambolho. Como temos os quartos em alcatifa decidimos comprar um aspirador normal no sítio do costume: o Tesco (supermercado). Só que quando abrimos a embalagem em casa, reparámos que o cabo era minúsculo, ou seja, tínhamos de aspirar curvadas e sem qualquer hipótese de aspirar debaixo da cama. Fomos devolver o aspirador e o assistente que nos atendeu nem sequer confirmou que as peças estavam todas dentro da caixa (se eu fosse esperta tinha tirado o cabo e comprado um aspirador igual que desse para encaixar e resolver o problema). Quando pedimos ajuda para escolher um novo, o assistente disse que não estava autorizado a dar assistência técnica. Explicámos que os modelos expostos na loja não correspondiam aos nomes indicados nas etiquetas com os preços e aí ele “tentou” ajudar-nos a descobrir o preço dos modelos. Pedimos para abrir a caixa para ver como era o aspirador e o respectivo cabo (“estes aspiradores são muito pequenos, se estiverem em exposição são roubados”), mas o assistente afirmou que não podia vender as caixas abertas. A solução seria comprar um qualquer aspirador, abrir da embalagem no parque de estacionamento do supermercado e se não gostássemos do aparelho devolver na altura, escolher outro aspirador, e assim sucessivamente até acertar. Estes ingleses são loucos!

Esta portuguesa é weird!


Se calhar é melhor não dizer que gosto de música Indie, julgava que aqui toda a gente conhecia todos os géneros de música, mas o que acontece é que ficam sempre a pensar que gosto de música indiana!