domingo, 1 de dezembro de 2013

A Amazon e as Compras de Natal


É oficial! Cada vez mais os ingleses recorrem à Amazon para comprar coisas. É tão fácil! Basta um "clique" no computador ou no telemóvel e passados uns dias o pacote aparece à nossa porta (ou no nosso local de trabalho). Até se podem fazer "wish lists" - listas de coisas que gostaríamos de ter mas que não temos coragem de comprar! Este fim de semana ainda é melhor! Sexta feira foi a chamada "Black Friday" das compras e amanhã será a "Cybermonday" - isto quer dizer que muitos items estão com um desconto espectacular! Por exemplo a máquina de café nespresso Dolce Gusto que comprei no mês passado por 60 libras apareceu ontem na Amazon a metade do preço! Indecente! 

Esta semana a Amazon recebeu muitos pontos negativos da imprensa - agora já não tenho tanta vontade de voltar a visitar o site. O pior é que as alternativas estão a morrer lentamente...

Como é que a Amazon consegue preços tão baixos? A Amazon não paga impostos como as outras empresas porque estudou bem a lição - mudou a sua sede para o Luxemburgo e só abre armazéns onde as cidades ofereçam subsídios de incentivo à construção dos armazéns. Swansea tem um dos armazéns da Amazon, com o tamanho de 11 estádios de futebol! Swansea é uma cidade onde existe muito desemprego, uma vez que dependia muito das minas de carvão e da industrialização que estagnou devido à globalização. Um armazém da Amazon supostamente seria um elemento positivo para a cidade, mas pelos vistos não é assim tão bom como isso. Muitas pessoas imaginam a Amazon como o armazém do Pai Natal, cheio de elfos felizes a embrulharem prendas (já que a maioria das prendas de Natal deste país são compradas na Amazon). A realidade é bem diferente, as pessoas só aceitam trabalhar para a Amazon quando não há mesmo mais nada, já que é o pior emprego possível! Os trabalhadores ficam exaustos, ganham mal e a empresa não oferece segurança nenhuma! Os turnos são de 10 horas e meia a andar de um lado para o outro do armazém e a empacotar coisas como barbies, coleiras de cão e descascadores de banana. Os trabalhadores perdem peso com tantos quilómetros que fazem todos os dias a percorrer o armazém. Um dos trabalhadores disse ao jornal "Guardian" que chegou a andar 24km por dia! Quando começam na empresa, é prometido aos trabalhadores a possibilidade de subir na carreira - "se trabalharem muito conseguirão ser gerentes mais cedo ou mais tarde". Claro que nada disto acontece a não ser que se seja amigo ou familiar de algum chefe importante da Amazon. O ordenado é apenas 19 pence acima do ordenado mínimo do Reino Unido, £6.50/hora (o que dá 8 euros por hora), e quem tire mais do que três dias por mês por doença é geralmente despedido. Não há muitas pausas de trabalho, e quando as há, não interessa onde se está - se for no meio do armazém isso significa gastar uma boa quantia do tempo do intervalo para o almoço para se dirigir ao cacifo. Claro que não é isto que a empresa vem dizer ao público, mas é isto que os jornalistas infiltrados nos armazéns publicaram esta semana nos jornais, colocando a empresa na lista dos assuntos mais comentados da semana.

Claro que a Amazon  não está a fazer nada ilegal, que muitas outras empresas não o façam. O grande problema é que a Amazon está a crescer, e o conceito de compras online está a aumentar exponencialmente, destruindo o comércio tradicional, onde é tudo muito mais caro para além da chatice de muitas vezes se ter de pagar estacionamento. A empresa "Lush" que tem lojas espalhadas pelo país está em tribunal com a Amazon - isto porque considera a Amazon concorrência desleal - já não basta a Amazon  não ter lojas e por isso ter muito menos trabalhadores, não pagar impostos mas ainda por cima faz os possíveis por aniquilar as outras empresas - quando uma pessoa procura um produto da "Lush" na Amazon (que não há), esta automaticamente sugere um equivalente mais barato e supostamente de semelhante qualidade. 

Há um paralelo directo entre o crescimento da Amazon e lojas a fechar / aumento do desemprego na área comercial. Cada vez mais as pessoas fazem compras a partir de casa, e quando vão passear ao fim de semana para verem lojas, geralmente é para tirarem ideias para poderem a seguir chegar a casa e comprarem muito mais barato na Amazon. Já não existem livrarias nem lojas de CD´s no Reino Unido - por causa da Amazon. E o próximo passo qual é? É o supermercado online!

Espero que não aconteça o mesmo em Portugal! 

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